- Encavalitado na ombreira
- os dias passam pela mão
- e no vale da pasmaceira
- vou sonhando sonhos em vão
- O bugalho que vou mastigar
- de tão rude seu nascer
- o infeliz padece em amedrontar
- mas na açorda vai-se perder
- A minha avó dizia que o catalão
- nos vinha buscar
- e devorava a sopa do caldeirão
- com medo de um dia me afastar
- E mais tarde afastei-me da terra
- com medo de estar e pertencer
- mas a saudade nunca enterra
- a semente que nos viu nascer
- A zorra uiva aos montes
- a companhia do infeliz
- e de todas as frontes
- as veredas da meretriz
- Do barro e da cal
- segui os soldados
- a espera deu-me o sal
- fui ruaz e subi os valados
- E neste velho Oeste
- de trapaceiros e agiotas
- tudo o que de bom fizeste
- não passam de simples anedotas
- Autor: The Ugly
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
A semente do nascer..
terça-feira, 10 de novembro de 2009
A rapariga..
- Ela queria viver
- e sonhava voar
- no condor aprender
- o valor da razão em ficar
- As labaredas queimam
- essa inquietude em partir
- e as trevas teimam
- em desfazer o que já está a ruir
- Naquele dia Outonal
- iniciou a sua caminhada
- a rapariga de olhar sensual
- por dentro vivia amargurada
- Um descomunal sorriso
- mantinha a sua face iluminada
- mas aquele seu jeito impreciso
- era toda uma fachada
- Não é fácil chegar até ela
- nunca sei aonde vai estar
- acabo sempre por perde-la
- e ela sempre por me achar
- Marquei uma data
- sem a certeza de poder ir
- embriagado e sem lata
- vi o tempo a fugir
- E no jardim lá estava
- a reluzir de paixão
- emanava uma luz que ofuscava
- séria olhando a imensidão
- Inúmeras as vezes quis ir
- e estático acabei por ficar
- algo parecia me impedir
- e desisti de arriscar
- E rasgando o momento
- chegou a pessoa esperada
- o coração parou de lamento
- e segui na estrada molhada
- Autor: The Ugly
sábado, 7 de novembro de 2009
O pássaro da comum gente...
- Quando te amei
- tu disseste que não
- e eu longe naufraguei
- no olho do dragão
- Andei à deriva sem parar
- ausente noção do tempo
- perdido quis me achar
- sem culpa ou alento
- Quis que fossemos um só
- amei-te profundamente
- a paixão não surge do pó
- cria-se do barro e da semente
- Mas não tinhamos a semente
- e dizer que estivemos perto
- a mais linda flor condescendente
- nasceu do promíscuo deserto
- E tudo o que fazias
- eu achava-me em ti
- criavas os meus dias
- e a felicidade que nunca vi
- Nada havia a provar
- a não ser a opinião contrária
- como podemos ganhar
- se a vontade é arbitrária
- E tratamo-nos mal
- as ofensas sem amor
- é imensamente desigual
- a factura do desamor
- O amor não tem significado
- escravizou-me na sua essência
- decifrar esse código privado
- é mergulhar na batismal magnificiência
- Mas amo-te e tanto me faz
- se o diabo conspira pela calada
- o que realmente me apraz
- é a labareda consagrada
- E quando abrir os olhos
- e ver a realidade presente
- as chaves são aos molhos
- separando o pássaro da comum gente
- Autor: The Ugly
Na outra margem...
- Conjugam-se os males
- e as velhas alcoviteiras
- deitam abaixo o que vales
- rindo das tuas canseiras
- Mas numa tarde de mel
- puxei pela coragem
- e fisguei com o cordel
- o meu amor na outra margem
- Deambulante e sozinho
- num mundo tão vasto
- tracei a lapis o caminho
- num balançar nefasto
- E a minha história
- nem tão cedo termina
- dou a mão à palmatória
- deste burro que nada ensina
- A viuva que ali mata
- sangra para viver
- do meu ser malapata
- aqui não te deixo morder
- Autor: The Ugly
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Desencontros..
- Uma rapariga no auge da sua fonte
- quis morrer por amor
decidiu saltar do cimo de uma ponte - e prepetuar a sua dor
- Foi grande o desamor
- que se lhe assolou na alma
- o discernimento desfez o turpor
- do luto da inocente calma
- Um dia perdido de amores
- um rapaz fez as malas
- e fez-se pastor pelos montes e flores
- maldizendo das escaldantes balas
- Disse que nunca mais iria amar
- daqui pra frente era a reclusão
- ninguém mais o ouviu cantar
- os versos da exaltada paixão
- Os dias mergulham lentamente
- em caixas de linho
- e os passaros que deslizam suavemente
- desafiam o seu caminho
- E a um dado momento
- cruzam-se dois desconhecidos
- uma que cai do alto do seu descontentamento
- outro que padece de amores sofridos
- O corpo inanimado
- estarrecido permaneceu a olhar
- graças ao momento consagrado
- pela primeira vez começou a rezar
- Tinha o coração partido
- mas vendo toda aquela beleza
- nada antes havia atingido
- até conter aquela grandeza
- Autor: The Ugly
terça-feira, 6 de outubro de 2009
O medo contido!!
Fiz-me à poeirenta estrada
ainda jovem e destemido
refiz-me da condescendente pedrada
às cavalitas do outrora medo contido
Pensei dar-te a lua
mas ela não quis descer
no meu quarto vi-te nua
fechei o olhos pra não esquecer
A bala rasgou os céus
dando asas à aurora
e do fundo dos chapéus
quantas mortes a mulher chora?
Entorpecido pela opressão
rascunho uns versos
é a minha ultima citação
pra chorar dos meus sucessos
Eu nunca tive esse prazer
de falar em dias felizes
nem um par de calças a condizer
era o mais triste dos petizes
Tinha um diamante em bruto
foi um sinal de prosperidade
exultei pelo maduro fruto
troquei a fortuna pela liberdade
Um chuva que aquecia
uma água que secava
lavei da areia da bacia
e do chão a planta chorava
Dei o peito à bala
e fui ferido de amor
é uma chaga que não cala
a verdade do dissabor
Autor: The Ugly
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Estrada para a perdição!!
- Aquele que ali dorme
- sangra até morrer
- uma alma disforme
- sem fome de viver
- Debaixo da ponte
- balança a guilhotina
- e jorra uma fonte
- a golpes de má sina
- Vendeu o corpo mas não a alma
- e no fundo sofreu
- há uma ferida que não cala
- mas nenhuma prescreveu
- E quem sou eu
- tudo o que tenho é zero
- iludido por Baco e Orfeu
- na face as cicatrizes que não quero
- Autor: The Ugly
O pescador...
- Ele há muito tempo atrás
- num país em ebolição
- nasceu um dócil rapaz
- na bandeja o seu coração
- Nasceu sem ser esperado
- e em tempos de morte
- um ser mal amado
- sem um pingo de sorte
- Ausente amor e paternidade
- foi largado ao seu destino
- negligente a autoridade
- sentenciando o menino
- Largado numa escada
- envolto num roto manto
- até a morte foi obrigada
- a romper em pranto
- Mas por cega a sorte
- o seu agoiro foi adiado
- atrasou-se a morte
- pra o bem consagrado
- Os corvos guinchavam
- num manjar de morbidez
- a carne tenra desejavam
- num espectáculo de languidez
- E as trevas absolutas
- deram lugar à auróra
- e mostrou às astutas
- a luz que Deus adora
- Era um andarilho
- cavaleiro andante
- sem a formusura e brilho
- desses de nome sonante
- Só lutou usando palavras
- as parábolas na convicção
- e as setas que lhe cravas
- não corrompe a moral lição
- Mendigou pelo pouco
- e não há nada mais feliz
- de que o sonho de um louco
- nascer na ardósia a giz
- Mas os juizes da sociedade
- ditaram a sua sentença
- reclusão para a eternidade
- onde o diabo tem presença
- E nos últimos raios de sol
- viu o dia desaparecer
- veio a morte com o anzol
- e o diabo pro que der e vier
- As promessas jorravam
- e o cínico sorria
- as almas já cantavam
- por mais um que padecia
- E nesta terra de cegos
- quem tem olhos é rei
- todos rezam os credos
- mas os de bom nome salvei
- Ali no cimo do monte
- bebeu e multiplicou
- e a todos quer que se conte
- que morreu mas muitos salvou
- Autor. The Ugly
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Levantei os meus olhos para te ver passar
Estes olhos que só vêem o chão
Cego de amor vi-te chorar
E a voz que não sai desta prisão
Fiz-me forte e enchi o peito
A coragem de um leão
Dirigi-me ao teu leito
E logo veio a desilusão
Imaginamos o sucesso
Escrito na pena da imaginação
Tu logo puseste de regresso
O sonho deste pobre refrão
Tão depressa acende-se a luz
Como caímos no desamor
Num ápice um sorriso seduz
Como provoca desilusão e dor
Julgamos nunca conhecer o amor
Mas o amor tem muitas formas
Misturam-se sentimentos alterando o sabor
Cria-se a metamorfose em que te transformas
E continuo a desenhar castelos
Gestos imaginários de construção
Um soldado raso com os seus martelos
Martela sonhos em vão
Num longo inverno me tornei
Não entra um raio de luz
E com o ódio mastiguei
Todo o amor que se produz
Autor: The Ugly
Estes olhos que só vêem o chão
Cego de amor vi-te chorar
E a voz que não sai desta prisão
Fiz-me forte e enchi o peito
A coragem de um leão
Dirigi-me ao teu leito
E logo veio a desilusão
Imaginamos o sucesso
Escrito na pena da imaginação
Tu logo puseste de regresso
O sonho deste pobre refrão
Tão depressa acende-se a luz
Como caímos no desamor
Num ápice um sorriso seduz
Como provoca desilusão e dor
Julgamos nunca conhecer o amor
Mas o amor tem muitas formas
Misturam-se sentimentos alterando o sabor
Cria-se a metamorfose em que te transformas
E continuo a desenhar castelos
Gestos imaginários de construção
Um soldado raso com os seus martelos
Martela sonhos em vão
Num longo inverno me tornei
Não entra um raio de luz
E com o ódio mastiguei
Todo o amor que se produz
Autor: The Ugly
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Estátua de tédio...
- O homem que sozinho ri
- é um homem feliz
- tenho o que mereci
- nesta vida meretriz
- E ao atingir o grau zero
- no chão comi o pó
- nesse instante eu supero
- mas derrotado meto dó
- Idealizei uma parábola
- no paradoxo da vida
- na minha proverbial fábula
- achei a liberdade esquecida
- Sou uma estátua de tédio
- esquecido lá no alto
- num qualquer prédio
- rijo que nem basalto
- Fragmentei-me em pedaços
- pela erosão do tempo
- de todos os estilhaços
- perpetuei o doce momento
- Autor: The Ugly
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